sexta-feira, 29 de abril de 2011

Mr. Peter Steps Rabbit, We are not amused! (*)






(*) Cidadão Pedro Passos Coelho, a malta não está a achar graça nenhuma!






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O Cidadão e ex-Deputado José Pacheco Pereira, desalentado, declarou hoje não ter o P. S. D. uma qualquer "estratégia" para vencer estas Eleições. Como se este Partido pudesse alguma vez ter uma estratégia... Sejamos claros: a meu ver, o P. S. D. nunca poderia ter uma estratégia, porque simplesmente não foi desenhado como organização passível de poder suportar (e definir para si própria) o conceito de "estratégia"!



Por isso, dizer que o Partido Social-democrata "não tem uma estratégia" parece-me uma tautologia comparável a afirmar que um antílope não tem garras, ou que uma biciclete não tem cinto de segurança. Então não se percebeu já, ao cabo de mais de trinta e cinco anos de existência, que o P. S. D. nunca teve nem poderia alguma vez ter uma "estratégia"? Não é uma evidência trivial que, para se poder possuir (ou fazer sentido ter) uma estratégia, crucial se torna ser préviamente dotado de um objectivo a atingir? Qual o objectivo do P. S. D., actual e de sempre?


A Social-democracia não é certamente, pois não só já não o era no dia da fundação do Partido, como nunca este se dignou arrepiar caminho e implantá-la na sua linha programática. Estou convencido, muito pelo contrário, de que o P. S. D. é um Partido sem qualquer base ideológica, que apenas reage por impulsos programáticos e conjunturais. Explicação plausível: o P. S. D. não tem ideologia, nem Programa, nem estratégia, pois o que o define, acima de tudo, são apenas interesses particulares! Ou seja, apenas pode ser guiado por tácticas.


Em consequência, a única coisa que "une" o P. S. D. é a eventual convergência táctica dos interesses particulares que constituem a única razão para a sua existência, daí que seja tão difícil manter uma linha política coerente neste Partido e haver permanentemente a sensação de que, sempre que muda de dirigentes máximos, quase se altera por inteiro o seu ideário político (e não será certamente por acaso o próprio atrito recorrente entre os três nomes que os seus diferentes líderes já lhe deram: P. P. D., P. S. D. e P. P. D./P. S. D.!).



Mas, então e isso de defender interesses particulares, tem algum mal? Ou será assim uma originalidade específica do P. S. D.? Claro que não, todos os Partidos defendem também interesses particulares - sejam eles de "classe", de "grupo", de "clã", ou de "seita"... -, mas todos possuem algo mais do que isso, seja uma Ideologia, seja uma qualquer espécie de obediência (como por exemplo de índole religiosa), que lhes fornece como que um cimento espiritual, ou intelectual, por natureza moralmente superior aos meros interesses materiais!



E não é só a falta deste cimento que se faz sentir no P. S. D. ou, de um modo geral, quando se unem pessoas apenas pelos seus interesses particulares. O maior drama surge sempre que os interesses particulares de uns colidem com os de outros, ou seja, não havendo laços identitários fortes entre os membros (sobretudo entre os dirigentes) do Partido, se os vários interesses colidem, não há "rede" ou anteparo que sustenha as desavenças internas!



Esta, sim, a grande fragilidade de sempre do P. S. D. e a verdadeira razão para que a única experiência bem sucedida de governação deste Partido tenha sido num momento absolutamente ímpar e irrepetível da História portuguesa contemporânea, que coincidiu com uma avalanche monetária para os cofres do Estado que, seguramente, jamais se repetirá nos tempos mais próximos.



Evidência que deveria ser suficiente para permitir ao P. S. D. tirar a única conclusão que lhe compete, após quase duas décadas de afastamento do Poder (com uma única e breve passagem, sem honra nem glória e com a muleta de outro Partido) e de confrangedora incapacidade para convencer a maioria dos portugueses de que deve votar a sê-lo: como dizia em 2005, aliás algo inconscientemente, Marques Mendes, «é preciso mudar de vida»!



O desabafo dorido de Pacheco Pereira hoje prova, contudo, que ainda não foi desta que o P. S. D. deu ouvidos a este seu antigo e fugaz líder (como têm sido todos, após Cavaco...). Pudera: se nem o próprio Marques Mendes deu ouvidos a si próprio...

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quarta-feira, 6 de abril de 2011

E SE AS ELEIÇÕES DE JUNHO NÃO ALTERAREM A ACTUAL CORRELAÇÃO DAS FORÇAS POLÍTICAS PARLAMENTARES?


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. . Quem objectivamente precipitou estas Legislativas, ainda antes de decorrido metade do tempo normal da Legislatura, deve ter ponderado muito bem as possíveis saídas políticas que as Eleições nos poderão trazer. Em termos puramente estatísticos, uma das opções mais sérias e prováveis (como igualmente sucede na Meteorologia...) é nada se alterar, isto é, a distribuição dos Deputados na A. R. ficar igual a (ou muito parecida com) a actual, o que teria consequências muito desabonatórias, decerto, para todos agentes políticos que a generalidade dos eleitores considera responsáveis pela decisão de derrubar o actual Governo: toda a Oposição parlamentar (da Esquerda à Direita) por acção e, por instigação (nem sequer discreta, ou subtil...), o nosso recém-empossado Presidente da República!

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Ora bem, mas para não nos ficarmos pelas probabilidades, matemáticas e frias, talvez seja boa ideia ir também consultar os nossos arquivos históricos eleitorais, que nos podem dar indicações preciosas de como as coisas se têm passado em Portugal quando há Legislativas. Analisando então os resultados práticos (mudança ou não de Governo, quer dizer, de Primeiro-Ministro) das várias Legislativas já realizadas desde o 25 de Abril (antes disso a questão nem sequer se colocava...), constatam-se duas leis empíricas muito claras:
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1ª) só existem mudanças de Primeiro-Ministro (e de Partido vencedor) quando o anterior NÃO SE RECANDIDATA (excepto uma única vez, em 2005);

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2ª) sempre que o Primeiro-Ministro em funções se recandidata, vence as Eleições (à excepção, já referida, de 2005)!

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Vamos então à demonstração (exaustiva): 1976 - Pinheiro de Azevedo não se candidata e vence Mário Soares (P. S.); 1979 - Maria de Lurdes Pintassilgo não se candidata e vence Sá Carneiro (A. D.); 1980 - Sá Carneiro recandidata-se e é re-eleito! 1983 - Pinto Balsemão não se candidata e vence Mário Soares (P. S.); 1985 - Mário Soares não se recandidata e vence Cavaco Silva (P. S. D.); 1987 - Cavaco Silva recandidata-se e é re-eleito! 1991 - CAVACO SILVA RECANDIDATA-SE E É RE-ELEITO! 1995 - Cavaco Silva não se recandidata e vence António Guterres (P. S.); 1999 - ANT.º GUTERRES RECANDIDATA-SE E É RE-ELEITO! 2002 - Ant.º Guterres não se recandidata e vence Durão Barroso (P. S. D.); 2005 - Santana Lopes recandidata-se, mas PERDE AS ELEIÇÕES (a única excepção à regra...)! 2009 - JOSÉ SÓCRATES (P. S.) RECANDIDATA-SE E É RE-ELEITO! 2011 - JOSÉ SÓCRATES RECANDIDATA-SE E...

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Bom, se não houver nova excepção à regra, será naturalmente re-eleito! E o Cidadão Cavaco Silva terá talvez que retirar daí as devidas ilações... Uma delas, eventualmente, poderá ser a de que, apesar de estar convencido de que entende muito bem as complexidades da Economia, afinal perceberá tanto de Política como este vosso humilde servidor percebe de Lagares de Azeite! Conclusão que poderá conduzi-lo a uma inquietação intelectual ainda mais perturbadora: se percebe tão pouco de Política, como pode estar convencido de que percebe alguma coisa de Economia?!...

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Pois, se calhar nem todos apanharam a ironia, mas a vida é assim mesmo. Quem não perceba nada de Futebol também pode, se quiser, comprar bilhete e ir ver a "bola"...

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Apareçam, estão sempre convidados.

Um vosso humilde servo. .
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