segunda-feira, 21 de junho de 2010

Portugal está de luto...

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... pela morte de José Saramago... Por isso, não se justificam por ora festejos futeboleiros. Apenas convém reconhecer desde já o óbvio: Carlos Queirós retirou hoje alguns argumentos importantes aos seus detractores.

E, se mais não conseguirmos, pelo menos já fizémos algo neste "Mundial" de que nos podemos orgulhar: estamos apurados (isto é, práticamente...) ainda antes do final da segunda jornada da fase de grupos, temos o melhor ataque da competição até ao momento - sete golos (mais dois do que Argentina e Brasil, que partilham a segunda posição) -, somos das poucas Selecções que ainda não sofreram qualquer golo (tal como Uruguai, Holanda e Chile) e obtivémos hoje o quarto resultado mais desnivelado de sempre em "Mundiais" (a seguir aos "históricos" Jugoslávia, 9-Zaire, 0, em 74; Hungria, 10-El Salvador, 1, em 82; e Alemanha, 8-Arábia Saudita, 0, em 2 002)!

Resta-nos pois "cumprir calendário" com o Brasil (que alívio...) e aguardar, serenamente, o nosso adversário para os oitavos-de-final, que pode bem ser a vizinha Espanha...

sexta-feira, 30 de abril de 2010

A sondagem publicitada hoje,

para além de vaticinar uma hipotética vitória de Pedro Passos Coelho sobre José Sócrates (e, sobretudo, sobre Paulo Portas), proclama a estrondosa e definitiva derrota de Manuela Ferreira Leite!...

CORAGEM POLÍTICA!

O nóvel Ministro dos Transportes, António Mendonça, reafirmou ontem a corajosa decisão deste Governo de, apesar do delicado momento que atravessamos (e da pressão política de toda a Oposição parlamentar), manter de pé as apostas em investimentos públicos essenciais ao nosso Futuro, como são o Novo Aeroporto de Lisboa - que já poderia e deveria estar concluído, ainda que tivesse sido na Ota! - e o comboio de Alta Velocidade, nomeadamente as duas linhas mais urgentes, Porto-Lisboa e Lisboa-Madrid.


Sendo embora crucial enfrentar com decisão e eficácia o problema do grave desequilíbrio das nossas finanças públicas e da credibilidade externa do Estado português, o sinal dado ontem com esta persistência do Governo, em não desistir de cuidar também do nosso Futuro, indica que Portugal afinal não está de cócoras perante o violento assalto dos especuladores financeiros internacionais e, também, que ainda não será desta a vitória dos "velhos do Restelo" (e de Belém...), que apenas parecem preocupar-se com o Presente, sacrificando de vez toda e qualquer esperança.


Sobretudo para quem tem Filhos e acredita em Portugal, o anúncio de ontem é uma boa e reconfortante notícia. Parabéns, pois, ao novo Governo de José Sócrates, em especial aos Ministros Teixeira dos Santos e António Mendonça!



Que se vão os anéis, se tiver mesmo de ser, mas que ao menos fiquem os dedos! É que precisamos deles para trabalhar, especialmente se algum dia quisermos voltar a ter anéis...

sexta-feira, 12 de março de 2010

A sondagem publicada hoje,

que dá mais de 41% de intenções de voto ao P. S. de José Sócrates, deveria fazer reflectir todos os Partidos e personalidades importantes da nossa vida política, por motivos óbvios:


1º) O P. S. volta a apresentar uma tendência clara para esvaziar o espaço político à sua Esquerda, o que significa que parte muito significativa deste sector do Eleitorado desaprova a estratégia fratricida e irresponsável que tem sido seguida quer pelo Bloco de Esquerda, quer pelo Partido Comunista, no seu obsessivo combate ao Governo, ambos colando-se demasiadamente aos métodos e objectivos da violenta campanha mediática de ataque pessoal a José Sócrates, desencadeada no ano transacto pela generalidade da Oposição à Direita e por certos interesses corporativos bem identificados (mas bastante mal vistos pela opinião pública);


2º) O P. S. D., embora apresentando uma ligeira recuperação e mesmo contando com a resistência estóica do C. D. S., está de facto muito longe de poder almejar ser Poder, ainda que partilhado, a partir das próximas Legislativas, antes correndo o risco de ver acontecer uma nova maioria absoluta para José Sócrates, o que, aliás, poderia mesmo ser o esperado golpe de misericórdia para a continuidade do P. S. D. tal como o conhecemos hoje;


3º) O P. S., se bem que agora mais confortávelmente instalado no topo das preferências do Eleitorado português, não deverá ignorar que, nesta mesma sondagem, cerca de 40% dos Eleitores se manifestam descontentes com as suas políticas governativas, o que pode significar que muitos deles só optam por José Sócrates por não vislumbrarem uma alternativa de Governo mais consistente e atractiva;

4º) O actual Presidente da República, se é que pretende mesmo continuar no cargo, deverá ter em conta que, nesta situação políticamente tão expressiva, a partir de agora qualquer passo em falso (a somar aos já dados em abundância) poderá pôr sériamente em risco essa possibilidade, em virtude do que se encontra, na prática, tolhido de movimentos para agradar mais explícitamente ao seu Eleitorado natural, conservador e de Direita;

5º) Com o notório declínio da Extrema-esquerda, que se anuncia fragoroso, o candidato presidencial Manuel Alegre vê reduzirem-se drásticamente as suas já muito remotas hipóteses de sucesso eleitoral, o que poderá mesmo levá-lo a reconsiderar a sua opção de recandidatura, para assim evitar um eventual vexame pessoal, que irremediávelmente poria fim, de uma forma inglória, à sua carreira política;

6º) Os mentores e principais executantes da falhada tentativa de "golpe de estado" palaciano e mediático contra o Estado de Direito deveriam retirar, humildemente, as devidas ilações do inequívoco veredicto público sobre a sua miserável intentona e aceitar que a opinião pública portuguesa, embora relativamente frágil e manobrável, afinal não é tão débil nem tão fácilmente manipulável como as de, digamos, certos Países das Caraíbas (ou, quiçá, da Cochinchina...) e que a Sociedade portuguesa já vai muito, mas muito longe dos tempos em que os "senhores morgados" decidiam na "Província" o que a "Grei" deveria exigir, em nome da "Pátria", à "decadente" classe política "lisboeta". E também, há que dizê-lo sempre, reconhecer que a tropa portuguesa não desceu assim tão baixo (espera-se até que ande muito longe disso...) que possa algum dia vir a gerar, no seu seio, um qualquer fantoche desarticulado, que se preste a uma arenga de opereta semelhante ao efémero número de circo montado, uma certa tarde, por um tal Tejero Molina nas Cortes espanholas, nos idos de oitenta...



À atençãozinha das actuais direcções do P. C. P. e do Bloco de Esquerda:

Força, Camaradas, persistam na vossa luta!


Estão visívelmente no bom caminho: já faltou muito mais para atingirem a beira do abismo...

À ATENÇÃO DO CIDADÃO ANÍBAL SILVA:


Por este (*) andar, ainda vamos conseguir devolver a maioria absoluta a José Sócrates nas próximas Legislativas!

Efectivamente, o Povo e a Democracia são mesmo uma "maçada"...

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(*) Intenções de voto no P. S. sobem para mais de 41%!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

TRÊS COISAS SOBRE A ANUNCIADA CANDIDATURA DE FERNANDO NOBRE À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA,

ESCRITAS AINDA ANTES DO ANÚNCIO DA MESMA, LOGO À NOITE:


1ª) Será certamente a única candidatura que não se irá apresentar contra ninguém, o que quanto a mim constituirá a sua maior força (e o seu maior encanto);


2ª) Quem, como eu, se quer ver livre de Cavaco Silva, mas tem uma profunda relutância em votar no Manuel Alegre, agora já tem pelo menos UMA ALTERNATIVA...


3ª) Esqueça-se por completo a disputa inútil entre Aguiar-Branco, Castro Rangel e Passos Coelho: o próximo líder a sério do P. S. D. poderá bem ser aquele que, antecipando-se ao anúncio da recandidatura de Cavaco Silva (e à posição oficial do Partido sobre as presidenciais), aparecer primeiro a declarar o seu apoio, ainda que a título pessoal, a Fernando Nobre!


NOTAS:

1 - Espero que o primeiro a ter a visão e a coragem suficientes para o fazer seja Rui Rio;

2 - Os cínicos e oportunistas do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista, que já espumam de raiva, que não se esforcem demasiado a combater desabridamente a candidatura de Fernando Nobre, pois isso só poderá fortalecê-la!

3 - Se acontecer o que prevejo, que é uma drástica redução da abstenção por efeito desta inesperada candidatura de F. Nobre, os resultados das próximas presidenciais poderão deixar de boca escancarada os comentaristas jornaleiros e os doutos opinadores, politólogos e restantes profissionais da treta política em Portugal...


E AGORA ESCUTEMOS, COM REDOBRADA ATENÇÃO, A PRIMEIRA COMUNICAÇÃO AO PAÍS DAQUELE QUE PODE MUITO BEM VIR A SER O PRÓXIMO PRESIDENTE DA REPÚBLICA PORTUGUESA.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

FERNANDO DE LA VIETER NOBRE

é candidato à Presidência da República!


Saudemos efusivamente este anúncio inesperado e toda a frescura e limpidez que poderá trazer à vida política portuguesa, tão carente que ela está de uma catarse global.


Precisamos realmente de um novo Presidente da República, que nos faça esquecer muito rápidamente o actual e que volte a ser alguém que nos infunda respeito profundo, admiração genuína e uma renovada ESPERANÇA, ao mesmo tempo que nos devolva o orgulho e o brio de sermos PORTUGUESES nos tempos que correm, sem vergonha mas também sem imagens falsas sobre o nosso Passado, com os pés bem assentes no Presente real, não no virtual ou mediático, e com os olhos e o coração postos no FUTURO!


Aconteça o que acontecer à sua candidatura, tenho a firme convicção de que, só pelo facto de ela se concretizar, terá efeitos muito benéficos na elevação e na purificação do debate político em Portugal, pelo que se antevê possa vir a trazer de genuíno e de inovador, na forma como na substância, à intervenção cívica e política em Portugal. Afinal, não estamos condenados à apagada e vil tristeza dos dias que vão correndo!


Bem-haja, Dr. Fernando Nobre!

Fomos enganados, ou estamos condenados?

Num Artigo recente, Pedro Lains queixa-se de que os Países pobres do Sul da Europa terão sido enganados pelos seus parceiros ricos do Norte, aquando da criação do Euro, por estes haverem prometido àqueles estabilidade cambial para as suas débeis Economias, a troco de uma evolução estrutural que nunca poderia constituir a solução para as suas debilidades. Porque não sou Economista, nem pretendo vir a sê-lo, não me interessam os aspectos "técnicos" ou académicos deste assunto. Apenas me interrogo sobre o Mundo em que a generalidade dos Economistas vive, que cada vez mais se me apresenta como um Mundo virtual de conceitos teóricos, que pouco aderem às realidades concretas da vida dos Povos. Sendo um tema de espessura desmedida e contornos infinitos, guardarei o seu desenvolvimento para melhores (e diversas) ocasiões.


Todavia, como me preocupa o futuro de Portugal e, sobretudo, o dos meus Filhos, tanto mais se forem teimosos como o Pai e não quiserem transferir-se, a páginas tantas, para outros ambientes sociais, porventura menos familiares, mas seguramente mais promissores, sempre adianto que o problema da Economia portuguesa - e talvez da espanhola, da italiana, e da grega (já para não mencionar as balcânicas...), mas isso preocupa-me muito menos - é profundo, estrutural e muito mais mental do que material. Quero com isto dizer que a solução para o mesmo, que o mesmo é dizer acima de tudo para a baixíssima produtividade que nos caracteriza, só poderá um dia resolver-se modificando de alto a baixo a nossa mentalidade e a nossa cultura de trabalho, o que não será tarefa fácil, concedo, nem muito menos executável com rapidez. Em todo o caso, por algum lado haverá que começar e, assim, eu proponho que o ponto de partida seja este:


DESMISTIFICAR E DESMASCARAR O DISCURSO ECONOMETRISTA DOMINANTE E SUBSTITUÍ-LO POR UM DISCURSO MAIS HUMANISTA E TRANSVERSAL, ONDE SE INTERPENETREM AS VIRTUDES DAS CIÊNCIAS EXACTAS COM A SABEDORIA FILOSÓFICA DA CULTURA, DE MODO A QUE AS METODOLOGIAS QUANTITATIVAS E OS CONHECIMENTOS ESPECIALIZADOS TENHAM O SEU LUGAR NO ESPAÇO DE DISCUSSÃO E OPINIÃO PÚBLICA, SEM CONTUDO EXPULSAREM OS OUTROS SABERES FUNDAMENTAIS, INCLUINDO O EMPÍRICO E O INTUITIVO, DE MODO A QUE AS MENSAGENS RESULTANTES POSSAM NÃO SÓ CHEGAR AO DESTINO, COMO SER DELINEADAS TENDO EM VISTA AS CARACTERÍSTICAS E CAPACIDADES ESPECÍFICAS DOS DESTINATÁRIOS. Como, aliás, um bom Médico deve proceder quando prescreve uma terapia a um determinado paciente em concreto...



Partindo desta declaração basilar de princípio, que deverá ser como que a estrela que nunca deve deixar de indicar o nosso rumo metodológico, proponho como primeira acção concreta: que se alargue o actual horizonte da crítica económica e político-económica em Portugal, o qual se encontra demasiada e obcecadamente focado no papel do Estado, para se começar a observar muito mais criticamente o desempenho económico do sector empresarial PRIVADO, o qual me parece à vista desarmada muitíssimo mais anquilosado, atrasado, atrofiado e inepto do que a Administração e as Empresas Públicas portuguesas.


Comece-se então por estudar, seriamente, e por identificar as principais causas da baixíssima produtividade e dos paupérrimos níveis de eficiência das Empresas privadas - as grandes, as médias, mas sobretudo as pequenas e as pequeníssimas -, evitando as estafadas cartilhas ideológicas, as boçais agendas politico-partidárias e as vulgatas corporativas e sindicais, e faça-se um grande e realista Diagnóstico da situação actual do meio empresarial privado português, para que depois se possam, enfim, iniciar os planos de ataque aos vários problemas que forem detectados, com base em objectivos claros (e num contrato social inequívoco e consensual).


E, de passagem, defina-se uma maneira simples e elegante, mas honesta, de dar a conhecer a VERDADE à opinião pública, ao eleitorado e, de um modo geral, à Nação portuguesa, ao Povo (à Grei...), por forma a demolir ferozmente aquilo que me parece ter sido uma autêntica verdade da mentira infinitamente propalada sobre esta matéria! E, já agora, não se esqueçam de é preciso avisar toda a gente de que, se bem calhar, a riqueza das Nações é incompatível com aquilo a que por vezes se chama, prosaicamente, a Felicidade!


Que o diga bem alto o sábio povo alentejano...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Poeta Alegre disposto a repetir candidatura presidencial.



Pergunta-se hoje no "Fórum" da TSF, cândidamente, se será ele o candidato ideal para bater Cavaco Silva (como se, por exemplo, uma máscara de Pai Natal fosse a indumentária ideal para se envergar na Semana Santa...).


A mim parece-me óbvio, há muito tempo, que Manuel Alegre será de facto o candidato ideal, sim, mas apenas para dividir e derrotar a Esquerda!


Creio também que a anunciada recandidatura deste conhecido Poeta e ex-Deputado do P. S., apoiada já entusiasticamente pelo Bloco de Esquerda, se destina sobretudo não a combater uma ainda hipotética recandidatura do actual Presidente da República, mas antes a afrontar, directamente, o Primeiro-Ministro José Sócrates e a actual liderança do Partido Socialista! E eu, eleitor de Esquerda que toda a vida sempre votei, coerentemente, contra Cavaco Silva e que, naturalmente e por maioria de razão, tencionava voltar a fazê-lo, decidi contudo que não o farei, daqui por um ano, se a única (ou a melhor) alternativa for votar numa personalidade tão desabilitada para ocupar a mais elevada "magistratura" do Estado como é, inquestionávelmente, Manuel Alegre!


Nesse caso, irei simplesmente abster-me, ou então votar NULO. E passo a explicar porquê.


Manuel Alegre diz-se um defensor acérrimo de variadas causas conotadas com o pensamento comum da Esquerda: Democracia, Liberdade, Solidariedade. Tudo muito louvável. Proclama-se igualmente um inabalável patriota e um amante de Portugal e da Língua Portuguesa, o que o pode tornar até politicamente mais abrangente, mas por outro lado também mais ambíguo, dado tratarem-se de causas habitualmente mais invocadas pelo discurso da Direita... Todavia, mesmo assim, nada ainda de especial a apontar. Manuel Alegre, porém, tem contra si um pensamento político pouco sólido e, sobretudo, um percurso partidário repleto de equívocos, desde uma fidelidade original inabalável a Mário Soares, mesmo nos seus momentos mais controversos (caso da famosa e nunca bem explicada "auto-suspensão" de Secretário-Geral do P. S., em 1980, por discordar do apoio oficial do seu Partido à recandidatura do então Presidente Ramalho Eanes), até à surpreendente candidatura presidencial contra este seu grande amigo e companheiro, há quatro anos - e a qual se saldou, aliás, pela derrota de ambos e pela tangencialíssima vitória do actual Presidente da República, que os dois pretendiam evitar! -, passando pela conhecida contestação aberta ao actual líder socialista, o qual defrontou mesmo, em eleições directas dentro do Partido (e das quais saíu, aliás, muito claramente derrotado).


Por outro lado, Manuel Alegre não possui, ao cabo de quase quatro décadas de intervenção cívica e pública no Portugal livre e democrático, um currículo mínimamente apresentável em termos de cargos executivos - descontando alguma fugaz passagem (?) por um dos Governos Provisórios dos tempos da Revolução (ou, eventualmente, pelo primeiro Governo socialista, de Mário Soares), que sinceramente não recordo e da qual, a ter existido, não terão ficado memórias significativas -, nem concomitantemente alguma vez saíu vencedor de uma disputa eleitoral nominativa (como, por exemplo, para Presidente de Câmara, ou mesmo de Junta de Freguesia), tendo-se apenas notabilizado como parlamentar e, mesmo aqui, muito mais pelos dotes retóricos, do que pela produção legislativa. Para quem pretende exercer o mais alto cargo executivo do Estado, afigura-se-me notóriamente desprovido de referências políticas e eleitorais valorativas.



Porquê, então, reincidir nesta aventura eleitoral, declaradamente votada a um segundo fracasso? Satisfação de imperativos de ordem meramente pessoal, é a primeira justificação que ocorre a um qualquer observador atento e lúcido. Manipulação fácil (de um certo excesso de vaidade e uma vontade de protagonismo a todo o custo), por parte de forças interessadas na criação de dificuldades ao Governo e ao Partido Socialista, é contudo mais uma hipótese, e nada abonatória, a considerar. Motivações estas que, em qualquer dos casos, não chegarão decerto para convencer os milhões de eleitores que escolheram NÃO votar nele há quatro anos e as quais, aparentemente, apenas servem os interesses estratégicos e mais ou menos sectários de quem, na cena partidária nacional, se empenha em afrontar mais ainda José Sócrates do que Cavaco Silva.


Não se questionando, lógicamente, a legitimidade de o Poeta se apresentar às próximas presidenciais, como candidato independente de Esquerda e com o apoio explícito de pelo menos um dos Partidos da actual Oposição (o B. E.), deverá no entanto questionar-se, sériamente, a coerência de uma tal tomada de posição política com a manifesta necessidade de um apoio oficial por parte de José Sócrates, para que a sua candidatura tenha um mínimo de hipóteses para, pelo menos, chegar à segunda volta, o que constitui claramente um factor de descredibilização desta candidatura junto da sua própria base eleitoral de apoio, fragilizando-a e permitindo assim ao seu oponente natural (o actual Presidente), bem como às forças que incondicionalmente o apoiam, dispor de trunfos preciosos numa contenda que se adivinha seja decidida por margens mínimas, a julgar pelos resultados invulgarmente tangenciais da vitória de Cavaco Silva há quatro anos.


Será então que Manuel Alegre não está consciente desta sua grave responsabilidade histórica? Ou, simplesmente, não está à altura de lidar com ela (mas, mesmo assim, quer ser o nosso Presidente?...)?



Pois, se me permite um conselho de observador experimentado da política portuguesa, veja-se um destes dias bem ao espelho e pergunte-se a si próprio, com honestidade, como pretende vir a ser recordado pelos vindouros, sobretudo pelos que partilham dos valores políticos com que afirma identificar-se. E só depois decida.


Mas decida rápido, que o tempo para as opções políticas de fundo é sempre demasiado curto para os que hesitam, ou vacilam!