quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Fomos enganados, ou estamos condenados?

Num Artigo recente, Pedro Lains queixa-se de que os Países pobres do Sul da Europa terão sido enganados pelos seus parceiros ricos do Norte, aquando da criação do Euro, por estes haverem prometido àqueles estabilidade cambial para as suas débeis Economias, a troco de uma evolução estrutural que nunca poderia constituir a solução para as suas debilidades. Porque não sou Economista, nem pretendo vir a sê-lo, não me interessam os aspectos "técnicos" ou académicos deste assunto. Apenas me interrogo sobre o Mundo em que a generalidade dos Economistas vive, que cada vez mais se me apresenta como um Mundo virtual de conceitos teóricos, que pouco aderem às realidades concretas da vida dos Povos. Sendo um tema de espessura desmedida e contornos infinitos, guardarei o seu desenvolvimento para melhores (e diversas) ocasiões.


Todavia, como me preocupa o futuro de Portugal e, sobretudo, o dos meus Filhos, tanto mais se forem teimosos como o Pai e não quiserem transferir-se, a páginas tantas, para outros ambientes sociais, porventura menos familiares, mas seguramente mais promissores, sempre adianto que o problema da Economia portuguesa - e talvez da espanhola, da italiana, e da grega (já para não mencionar as balcânicas...), mas isso preocupa-me muito menos - é profundo, estrutural e muito mais mental do que material. Quero com isto dizer que a solução para o mesmo, que o mesmo é dizer acima de tudo para a baixíssima produtividade que nos caracteriza, só poderá um dia resolver-se modificando de alto a baixo a nossa mentalidade e a nossa cultura de trabalho, o que não será tarefa fácil, concedo, nem muito menos executável com rapidez. Em todo o caso, por algum lado haverá que começar e, assim, eu proponho que o ponto de partida seja este:


DESMISTIFICAR E DESMASCARAR O DISCURSO ECONOMETRISTA DOMINANTE E SUBSTITUÍ-LO POR UM DISCURSO MAIS HUMANISTA E TRANSVERSAL, ONDE SE INTERPENETREM AS VIRTUDES DAS CIÊNCIAS EXACTAS COM A SABEDORIA FILOSÓFICA DA CULTURA, DE MODO A QUE AS METODOLOGIAS QUANTITATIVAS E OS CONHECIMENTOS ESPECIALIZADOS TENHAM O SEU LUGAR NO ESPAÇO DE DISCUSSÃO E OPINIÃO PÚBLICA, SEM CONTUDO EXPULSAREM OS OUTROS SABERES FUNDAMENTAIS, INCLUINDO O EMPÍRICO E O INTUITIVO, DE MODO A QUE AS MENSAGENS RESULTANTES POSSAM NÃO SÓ CHEGAR AO DESTINO, COMO SER DELINEADAS TENDO EM VISTA AS CARACTERÍSTICAS E CAPACIDADES ESPECÍFICAS DOS DESTINATÁRIOS. Como, aliás, um bom Médico deve proceder quando prescreve uma terapia a um determinado paciente em concreto...



Partindo desta declaração basilar de princípio, que deverá ser como que a estrela que nunca deve deixar de indicar o nosso rumo metodológico, proponho como primeira acção concreta: que se alargue o actual horizonte da crítica económica e político-económica em Portugal, o qual se encontra demasiada e obcecadamente focado no papel do Estado, para se começar a observar muito mais criticamente o desempenho económico do sector empresarial PRIVADO, o qual me parece à vista desarmada muitíssimo mais anquilosado, atrasado, atrofiado e inepto do que a Administração e as Empresas Públicas portuguesas.


Comece-se então por estudar, seriamente, e por identificar as principais causas da baixíssima produtividade e dos paupérrimos níveis de eficiência das Empresas privadas - as grandes, as médias, mas sobretudo as pequenas e as pequeníssimas -, evitando as estafadas cartilhas ideológicas, as boçais agendas politico-partidárias e as vulgatas corporativas e sindicais, e faça-se um grande e realista Diagnóstico da situação actual do meio empresarial privado português, para que depois se possam, enfim, iniciar os planos de ataque aos vários problemas que forem detectados, com base em objectivos claros (e num contrato social inequívoco e consensual).


E, de passagem, defina-se uma maneira simples e elegante, mas honesta, de dar a conhecer a VERDADE à opinião pública, ao eleitorado e, de um modo geral, à Nação portuguesa, ao Povo (à Grei...), por forma a demolir ferozmente aquilo que me parece ter sido uma autêntica verdade da mentira infinitamente propalada sobre esta matéria! E, já agora, não se esqueçam de é preciso avisar toda a gente de que, se bem calhar, a riqueza das Nações é incompatível com aquilo a que por vezes se chama, prosaicamente, a Felicidade!


Que o diga bem alto o sábio povo alentejano...

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