quinta-feira, 9 de junho de 2011

A escolha popular de 5 de Junho.

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As Eleições Legislativas do passado Domingo tiveram resultados claros e bastante curiosos, para além da mera contabilidade das vitórias e derrotas.

Analisando a escolha popular num plano ao lado dos Partidos, concluo que o mais relevante de tudo, na expressão da vontade (e também da sabedoria) do eleitorado português, foi a opção por uma inequívoca CLARIFICAÇÃO política, preservando acima de tudo uma solução de viabilidade governativa.

Sendo Sócrates sózinho e sem maioria absoluta um absoluto "beco sem saída", o Povo mostrou o caminho com uma brilhante "luz verde" a quem se previa poder, pelo menos, entender-se entre si para formar Governo.

Assim se provou que o eleitorado nacional rejeita "empates técnicos" e tem uma rara intuição para promover os desempates políticos. Mesmo que isso possa ter desagradado a quem, sediado em Belém, já antevia vantagens próprias numa solução francamente mais "pantanosa"...

O eleitorado mostrou igualmente que não aprecia o calculismo e o tacticismo, penalizando claramente os que mais o praticaram, nomeadamente o PP (que ficou decepcionado por não ter crescido mais), mas sobretudo o BE, que foi o segundo maior derrotado absoluto das Eleições (e o maior em termos relativos)!

Por outro lado, há um certo sentido de justiça implícito na entrega do Poder a quem precipitou a entrada do FMI em Portugal: se é para fazer muito mais sacrifícios, então que se responsabilize apenas, de Futuro, quem directamente os provocou!


Outro sinal inequívoco foi a vitória inesperadamente expressiva de quem nas anteriores Eleições havia sido derrotado com uma liderança distinta. Ou seja, uma derrotada indirecta destas Eleições é claramente Manuela Ferreira Leite.


Finalmente, a derrota implacável de José Sócrates resulta da assustadora falta de esperança demonstrada por este na forma como encarou a sua própria continuidade no Governo. Colocado entre a sua permanente resignação ácida, a quem o tramara, e o desafio de uma cara desconhecida e ainda não testada, os portugueses impuseram ao inexperiente Passos Coelho a obrigação de ter de assumir a sua candidatura, finalmente, como um compromisso sério. Não dava, pois, para manter nem um cordeiro imolado em permanente lume brando, nem um candidato a homem sempre a falar apenas como menino.


"Rei morto, rei posto" e toca para diante, que os tempos não são para palhaçadas, disse o Zé votante (e a Maria pagante)!

E que esta claríssima e irreverente escolha sirva mais uma vez de lição a quem diz que percebe de Política e, já agora, também de Sondagens...


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