quinta-feira, 19 de maio de 2011

Vasco Graça Moura (et alt.).



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. Este Artigo de opinião é sintomático da autêntica "esquizofrenia social" de que se deixaram apossar os mais prestigiados intelectuais lusos de sentido político anti-P. S. ou, melhor dizendo, anti-José Sócrates. Mas esquizofrenia em que sentido e porquê?


. Ouve-se o discurso corrente da intelectualidade anti-Sócrates, em particular a de Direita, e por baixo da maior ou menor discórdia, contestação, raiva, ou indignação - isto já para deixar de lado a recorrente má-criação e baixeza da linguagem usada -, há um traço comunicacional comum que perpassa a generalidade do argumentário a que recorre: um claro direccionamento da mensagem a um público que já est(ar)á mais do que convencido de que Sócrates é um "aldrabão", um "malandro", um "incapaz", um "corrupto", até se chegando já despudoradamente à afirmação, com todas as letras, de que é um "Ditador" ou, pior ainda, um "criminoso"!


. Depois verificam-se os resultados eleitorais de Setembro de 2009 e as Sondagens actuais e pasma-se como é que esta convicção veemente, que nos soa já a todos como uma telúrica vox populi, não tem correspondência no eleitorado, ou naquilo a que, com propriedade, em tempos já se chamou a "maioria silenciosa". E porquê?!

. Uma explicação plausível para este aparente paradoxo será, quanto a mim, a referida esquizofrenia social de que padece a generalidade dos políticos e intelectuais da nossa Direita. E o que é a esquizofrenia social?


Esquizofrénico, simplificando o suficiente, é aquele que cria e que vive mentalmente num Mundo interior só seu, muito embora aparente aceitar e compreender a realidade exterior que o rodeia. Os políticos e intelectuais de Direita, ou mais generalizadamente, as pessoas de Direita que pertencem à classe social mais privilegiada e socialmente poderosa e influente, vivem cada vez mais num "mundo à parte", que se tem estreitado e separado daquilo a que poderíamos chamar o "mundo real", ou seja, aquele onde vivem as pessoas comuns.


. Efectivamente, a partir da análise dos códigos de comunicação implícitos na linguagem das pessoas das classes sociais mais elevadas e com tendências de Direita, sobretudo as que acreditam ser José Sócrates o grande e único "culpado" pela situação de "calamidade económica e financeira" que Portugal atravessa, percebe-se que o Mundo em que se movimentam é muito mais fruto de uma construção mental a partir das suas experiências grupais e pessoais, do que a realidade concreta, nominável e mensurável que as envolve. As centenas de mensagens, "e-mails", imagens e piadolas que se propagam, sobretudo pela "net", provam que se formou um casulo mental onde vivem os que não se consideram "socretinos" e que esse casulo como que se "soltou" da massa heterogénea que é suposto constituir o "Povo". E como se explica este fenómeno?




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