terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O que pensam os portugueses?


Seria muito interessante conhecer a verdadeira opinião do Povo português àcerca da situação política actual, descontando os enviesamentos partidários, clubísticos e ideológicos.

Mais um grande e tão necessário estudo sociológico que ficará por fazer...

Pergunto-me quais as causas para o entorpecimento, a anomia e o emudecimento da opinião pública actual e a resposta não é nada evidente.

O espaço de debate público foi de tal modo empestado de ruído, ódio, propaganda e desinformação, que para a situação actual da opinião pública portuguesa apenas encontro paralelo com o que recordo dos primeiros meses após o 25 de Abril (sensívelmente até ao 11 de Março), em que o País se encontrava num estado misto de euforia e de choque.

Só que hoje a situação é a oposta: reina de novo o estado de choque, mas desta vez associado a uma situação profundamente depressiva. Sim, a melhor caracterização da situação política portuguesa da actualidade talvez seja a de uma depressão aguda, mesclada por uma enorme desorientação colectiva e aromatizada por um incomodativo odor a pânico e a desespero. Não lhe deitem a mão a tempo, não, à Sociedade portuguesa...

Como chegámos até aqui é uma pergunta demasiado vasta para a medida ambição deste postalinho. Interessa-me mais saber onde estamos, para tentar descortinar qual o melhor caminho para escaparmos.

Há bastante falta de conhecimento, é um facto. Mas há sobretudo falta de capacidade de interpretação do conhecimento existente. É isto o mais preocupante. Não há referências éticas, outra falha sensível. A matriz moral tradicional desapareceu, a estrutura ideológica clássica rarefez-se, o tecido político e partidário consolidado emaranhou-se.

Ninguém se revê nos poderes públicos de topo, ainda que tão recentemente eleitos - Presidente em Janeiro, Governo em Junho! -, não restam quaisquer vestígios de esperança, nem sequer já no próprio discurso político, e um denso manto de nevoeiro caíu sobre os espíritos e as mentes.

Escasseiam as vozes respeitadas e prestigiadas, abundam os papagaios palavrosos e de discurso errático e ao sabor das conveniências e interesses de ocasião.

A massa informe de descrentes, descontentes, alienados e alheados alastra imparávelmente, ano após ano.

QUO VADIS, PORTUGAL?

Estamos no limiar de uma nova era, muito previsívelmente a primeira que será pior do que a antecedente! O Século XX agoniza diáriamente perante nós nas televisões mercantis. Cada vez nos conhecemos menos a nós próprios, ao nosso legado histórico e cultural, ao nosso território.

Fenómenos de irrisão cultural e cognitiva cruzam-se e interpenetram-se insidiosamente no tecido social, desde as supostas élites até às famosas bases. E há também o cansaço. De tudo e de todos.

A Direita governa a plenos poderes, mas não convence nem os seus próprios fiéis. A Esquerda não consegue articular uma única frase mobilizadora e encontra-se profundamente dividida. O Centro está paralisado e tolhido, pela dúvida e pela timidez. Corremos o risco de adormecer colectivamente ao volante e nem percebermos que nos despistámos, quando atingirmos a árvore com os cornos...

Estamos, enfim, sós, com a nossa herança comum e o nosso devir colectivo. Um casamento impossível? Ou apenas um arranjo de conveniência, votado ao fracasso?

A partir desta crisálida informe em que de momento nos encontramos, que insecto belo ou repugnante estará para ser dado à luz?...

Responder com urgência ao Apartado "nação portuguesa", por qualquer meio legítimo e eficaz. Obrigado...

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

As banais declarações de José Sócrates fora da piolheira.

.
Excelente texto, Penélope. Obrigado!

Quanto à essência das já antológicas declarações - e descontando a notória falta de crédito (também para ir comprar o “Rennie”...) de certos estúpidos que vão para as caixas de comentários demonstrar a sua fraca sapiência e nula inteligência -, digam-se duas coisas elementares e passe-se à discussão, com argumentos de gente:

1ª) Não foi José Sócrates que “criou” a dívida portuguesa, ela é já muito antiga e vem sendo sucessivamente aumentada por TODOS os Governos Constitucionais (já para não falar nos Provisórios...)! Muito pelo contrário, até: o seu primeiro Executivo foi dos pouquíssimos Governos portugueses (a par do primeiro de Cavaco Silva) que logrou reduzir a dívida, em percentagem do PIB nacional (como é óbvio), até 2008, antes portanto do estouro internacional, ou seja, em condições normais de governação, conforme se pode ver por este Artigo insuspeito;

2ª) A “dívida externa” não é nenhuma particularidade portuguesa, nem sequer uma novidade dos nossos tempos (desde que me conheço que ouço falar nessa momentosa questão do défice estrutural dos E. U. A. – para descanso dos acéfalos lusitanos, espero que o resolvam depressinha e nos deixem descansar em paz a todos, ámen).

Então, afinal, o que foi que disse José Sócrates que mereça assim tanta dor-de-cotovelo e exibição de arrogância estéril por parte da lusa comentatice? Pois apenas a coisa mais banal deste Mundo: não há Estados sem dívidas! E como os Estados, por definição, não “morrem”, as suas dívidas naturalmente não são apenas para pagar, são sobretudo para gerir! Até só o que se aprende nas singelas cadeiras de Economia dos Cursos de Engenharia chega para qualquer mortal com dois dedos de testa apreender esta evidência.

Assim, se ele há coisas que mereçam crítica, nesta autêntica banalidade trivial proferida pelo nosso ex-Primeiro-Ministro, são apenas estas:
a) Portugal não se pode de todo comparar a Espanha (que não é nada um País “pequeno” à escala europeia, pelo menos quando comparado connosco), nem o que ele disse se aplica apenas aos “pequenos” Países;
b) Se as dívidas de qualquer Estado são sobretudo para “gerir” e não sómente para pagar, haveria que questioná-lo, então, era sobre se, enquanto Primeiro-Ministro, geriu bem a nossa, ou não (descansem, que não vos vou maçar aqui com a minha modesta opinião sobre o tema...)!

E só mais duas pequenas notas à margem:

i) o gozo que dá imaginar os excelsos “Economistas” da nossa praceta a roerem-se de inveja – com o esverdeado Louçã à cabeça (sim, não estou a falar de nenhum pintelhoso!) -, por não possuírem o talento de falar sobre estes assuntos com a clareza, a frontalidade e a EFICÁCIA COMUNICATIVA de José Sócrates;
ii) a falta que faz o exercício “académico” – que deveria ser feito, pelos pintelhosos, cem vezes por dia, no quadro dos cábulas! – de imaginar o que seria PORTUGAL HOJE sem dívidas: uma vara de porcos, ranhosos, analfabetos e com os pés descalços a guardar cabras na Serra da Gardunha! Ou mesmo o que seriam hoje, sem quaisquer dívidas, Estados como a Alemanha, o Reino Unido, a França, a Itália e até a Suécia, como igualmente a Madeira, as Autarquias portuguesas, o Aeroporto de Lisboa, o Metro do Porto, os autocarros da CARRIS, o Parque das Nações, o “Tagusparque”, a Casa da Música, os famosos Estádios do Euro, a Ponte Vasco da Gama, a CRIL e a CREL – ou mesmo eu e tu, que me leste até ao fim (obrigado…)!
Era lindo, não era?...

.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

A "troikinha" APARECEU ONTEM NA TELEVISÃO, COM UMA CARINHA GORDUCHA DE METE NOJO

.

Fiquei estarrecido a observar os trejeitos do pobre Thomsen. Se esta é a cara da “troika”, se esta é, afinal, a “ética” do resgate internacional, tudo o que vai acontecer doravante está mais do que justificado.

O difícil, cada vez mais difícil e árduo, será fazer as pessoas simples destrinçarem de vez entre o bé-bé (a Democracia e o Estado Social de Direito) e a infecta água do banho (a hipocrisia dos poderosos e o laxismo e a COBARDIA das instituições internacionais).

Uma vez desfeita esta névoa, não haverá barragem que segure a enxurrada.

.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Magriços e cachimbos que não são de paz.

.

A propósito deste texto, redigi o seguinte comentário (entretanto já "moderado"):


«Lamento, mas não atinjo.

Incapacidade minha, decerto. Mas lobrigar "patriotismo" em V. Gaspar - assim a modos como descortinar "coragem" num soldado que, confortavelmente sentado no seu tanque, massacre civis "armados" com pedras - é-me ainda mais difícil, quero dizer impossível, do que imaginar Cavaco Silva coerente, Pacheco Pereira campeão de Xadrez, ou Anatoly Karpov historiador emérito.

Temos, seguramente, noções de patriotismo radicalmente opostas.

Ou, então, a Pátria do Ministro Vítor Gaspar já não coincide com a minha!»


Mas podia dizer mais sobre o suposto patriotismo deste Governo, que benevolamente comparo a um diligente bombeiro que pretende consertar a fuga no depósito cheio de combustível com... um maçarico oxi-acetilénico! Ou um nadador-salvador que pretende salvar o náufrago virando-lhe as costas e correndo para uma cabine telefónica a chamar o 112. Ou um Médico que diz que vai salvar o doente amputando-lhe... o crânio.

Benévolo, sim, e bastante...

Mas a paciência conta-se entre os recursos esgotáveis do nosso Planeta.

.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O douto Constitucionalista Gomes Canotilho...



.

... parece que profere hoje a sua última lição na vetusta Universidade de Coimbra e, muito simbólicamente, aproveitou este dia especial para logo de manhã cedo manifestar ao Mundo, através das ondas hertzianas de uma Rádio pública, a inutilidade da sua carreira de Docente, quiçá da sua própria "Profissão", proclamando alto e bom som que a Constituição da República, enfim, é assim uma coisita que, embora até sirva bem como matéria de estudo para Académicos e tal, justificando mesmo algumas Disciplinas, no plano de estudos de certos Cursos (supostamente) Superiores, assim como a necessidade de Professores Catedráticos para as ensinar, salas de aula, etc., e até possa ter a sua graça para, de quando em vez, animar debates retóricos nas televisões, ou na própria A. R., e campanhas eleitorais e afins, afinal é no fundo algo que, sempre que surjam acontecimentos realmente importantes no País, não é para levar mínimamente a sério!


É verdade...


E disse esta enormidade com uma displicência própria de quem já nem a si próprio se respeita, argumentando leviana e compungidamente que, tal como esta agora revelada insignificância material intrínseca da Constituição, muitas outras coisas, afinal, são assim como são já "desde os tempos da Antiguidade" (sic) - qualidade pelos vistos agora erigida a caução de tudo aquilo que a nossa própria capacidade de adaptação à realidade já não logre poder explicar.

Muito simples...

Naturalmente que só agora, perante esta "difícil situação em que o País se encontra", o egrégio pedagogo terá enfim descoberto que, desde os tempos remotos, porém exemplares, da "Antiguidade" - qualidade a partir de agora indiscutível, que tudo legitimará! -, as Constituições (e quem sabe se a própria Lei, de um modo geral!) têm sempre de se vergar, respeitosamente, às imperiosas necessidades de "força maior", pois claro, argumenta ele - e decerto o faz de forma originalíssima -, como são, por exemplo, a "saúde pública" e também, óbviamente, as "crises orçamentais".

Ora, bem!

Pois, esperamos agora, que certamente irá dispor de mais algum tempo livre - apesar da feroz concorrência que desde já se antevê, entre as mais prestigiadas Universidades estrangeiras, para o disputarem nesta nova disciplina académica do estudo da "legitimidade pela Antiguidade" -, que o douto Constitucionalista e futuro ex-Prof. Gomes Canotilho persevere, nesta sua imparável descoberta e divulgação de todas aquelas características humanas e sobretudo sociais que, aparentemente, só agora iremos começar a perceber quão semelhantes se mantêm, afinal, àquilo que eram já na tal "Antiguidade"!... Serão necessários exemplos práticos, ou ficamo-nos prudentemente pela abstracção teórica?

Seja lá como for, é seguramente todo um Mundo "novo" que, com revelações deste calibre, se nos abre para o nosso FUTURO colectivo. Viva, pois, a Antiguidade e a sua Sabedoria!

Salvé, maravilha!...

.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

quinta-feira, 9 de junho de 2011

A escolha popular de 5 de Junho.

.

As Eleições Legislativas do passado Domingo tiveram resultados claros e bastante curiosos, para além da mera contabilidade das vitórias e derrotas.

Analisando a escolha popular num plano ao lado dos Partidos, concluo que o mais relevante de tudo, na expressão da vontade (e também da sabedoria) do eleitorado português, foi a opção por uma inequívoca CLARIFICAÇÃO política, preservando acima de tudo uma solução de viabilidade governativa.

Sendo Sócrates sózinho e sem maioria absoluta um absoluto "beco sem saída", o Povo mostrou o caminho com uma brilhante "luz verde" a quem se previa poder, pelo menos, entender-se entre si para formar Governo.

Assim se provou que o eleitorado nacional rejeita "empates técnicos" e tem uma rara intuição para promover os desempates políticos. Mesmo que isso possa ter desagradado a quem, sediado em Belém, já antevia vantagens próprias numa solução francamente mais "pantanosa"...

O eleitorado mostrou igualmente que não aprecia o calculismo e o tacticismo, penalizando claramente os que mais o praticaram, nomeadamente o PP (que ficou decepcionado por não ter crescido mais), mas sobretudo o BE, que foi o segundo maior derrotado absoluto das Eleições (e o maior em termos relativos)!

Por outro lado, há um certo sentido de justiça implícito na entrega do Poder a quem precipitou a entrada do FMI em Portugal: se é para fazer muito mais sacrifícios, então que se responsabilize apenas, de Futuro, quem directamente os provocou!


Outro sinal inequívoco foi a vitória inesperadamente expressiva de quem nas anteriores Eleições havia sido derrotado com uma liderança distinta. Ou seja, uma derrotada indirecta destas Eleições é claramente Manuela Ferreira Leite.


Finalmente, a derrota implacável de José Sócrates resulta da assustadora falta de esperança demonstrada por este na forma como encarou a sua própria continuidade no Governo. Colocado entre a sua permanente resignação ácida, a quem o tramara, e o desafio de uma cara desconhecida e ainda não testada, os portugueses impuseram ao inexperiente Passos Coelho a obrigação de ter de assumir a sua candidatura, finalmente, como um compromisso sério. Não dava, pois, para manter nem um cordeiro imolado em permanente lume brando, nem um candidato a homem sempre a falar apenas como menino.


"Rei morto, rei posto" e toca para diante, que os tempos não são para palhaçadas, disse o Zé votante (e a Maria pagante)!

E que esta claríssima e irreverente escolha sirva mais uma vez de lição a quem diz que percebe de Política e, já agora, também de Sondagens...


.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Vasco Graça Moura (et alt.).



.

. Este Artigo de opinião é sintomático da autêntica "esquizofrenia social" de que se deixaram apossar os mais prestigiados intelectuais lusos de sentido político anti-P. S. ou, melhor dizendo, anti-José Sócrates. Mas esquizofrenia em que sentido e porquê?


. Ouve-se o discurso corrente da intelectualidade anti-Sócrates, em particular a de Direita, e por baixo da maior ou menor discórdia, contestação, raiva, ou indignação - isto já para deixar de lado a recorrente má-criação e baixeza da linguagem usada -, há um traço comunicacional comum que perpassa a generalidade do argumentário a que recorre: um claro direccionamento da mensagem a um público que já est(ar)á mais do que convencido de que Sócrates é um "aldrabão", um "malandro", um "incapaz", um "corrupto", até se chegando já despudoradamente à afirmação, com todas as letras, de que é um "Ditador" ou, pior ainda, um "criminoso"!


. Depois verificam-se os resultados eleitorais de Setembro de 2009 e as Sondagens actuais e pasma-se como é que esta convicção veemente, que nos soa já a todos como uma telúrica vox populi, não tem correspondência no eleitorado, ou naquilo a que, com propriedade, em tempos já se chamou a "maioria silenciosa". E porquê?!

. Uma explicação plausível para este aparente paradoxo será, quanto a mim, a referida esquizofrenia social de que padece a generalidade dos políticos e intelectuais da nossa Direita. E o que é a esquizofrenia social?


Esquizofrénico, simplificando o suficiente, é aquele que cria e que vive mentalmente num Mundo interior só seu, muito embora aparente aceitar e compreender a realidade exterior que o rodeia. Os políticos e intelectuais de Direita, ou mais generalizadamente, as pessoas de Direita que pertencem à classe social mais privilegiada e socialmente poderosa e influente, vivem cada vez mais num "mundo à parte", que se tem estreitado e separado daquilo a que poderíamos chamar o "mundo real", ou seja, aquele onde vivem as pessoas comuns.


. Efectivamente, a partir da análise dos códigos de comunicação implícitos na linguagem das pessoas das classes sociais mais elevadas e com tendências de Direita, sobretudo as que acreditam ser José Sócrates o grande e único "culpado" pela situação de "calamidade económica e financeira" que Portugal atravessa, percebe-se que o Mundo em que se movimentam é muito mais fruto de uma construção mental a partir das suas experiências grupais e pessoais, do que a realidade concreta, nominável e mensurável que as envolve. As centenas de mensagens, "e-mails", imagens e piadolas que se propagam, sobretudo pela "net", provam que se formou um casulo mental onde vivem os que não se consideram "socretinos" e que esse casulo como que se "soltou" da massa heterogénea que é suposto constituir o "Povo". E como se explica este fenómeno?




.




sexta-feira, 29 de abril de 2011

Mr. Peter Steps Rabbit, We are not amused! (*)






(*) Cidadão Pedro Passos Coelho, a malta não está a achar graça nenhuma!






_________________________________________________________





O Cidadão e ex-Deputado José Pacheco Pereira, desalentado, declarou hoje não ter o P. S. D. uma qualquer "estratégia" para vencer estas Eleições. Como se este Partido pudesse alguma vez ter uma estratégia... Sejamos claros: a meu ver, o P. S. D. nunca poderia ter uma estratégia, porque simplesmente não foi desenhado como organização passível de poder suportar (e definir para si própria) o conceito de "estratégia"!



Por isso, dizer que o Partido Social-democrata "não tem uma estratégia" parece-me uma tautologia comparável a afirmar que um antílope não tem garras, ou que uma biciclete não tem cinto de segurança. Então não se percebeu já, ao cabo de mais de trinta e cinco anos de existência, que o P. S. D. nunca teve nem poderia alguma vez ter uma "estratégia"? Não é uma evidência trivial que, para se poder possuir (ou fazer sentido ter) uma estratégia, crucial se torna ser préviamente dotado de um objectivo a atingir? Qual o objectivo do P. S. D., actual e de sempre?


A Social-democracia não é certamente, pois não só já não o era no dia da fundação do Partido, como nunca este se dignou arrepiar caminho e implantá-la na sua linha programática. Estou convencido, muito pelo contrário, de que o P. S. D. é um Partido sem qualquer base ideológica, que apenas reage por impulsos programáticos e conjunturais. Explicação plausível: o P. S. D. não tem ideologia, nem Programa, nem estratégia, pois o que o define, acima de tudo, são apenas interesses particulares! Ou seja, apenas pode ser guiado por tácticas.


Em consequência, a única coisa que "une" o P. S. D. é a eventual convergência táctica dos interesses particulares que constituem a única razão para a sua existência, daí que seja tão difícil manter uma linha política coerente neste Partido e haver permanentemente a sensação de que, sempre que muda de dirigentes máximos, quase se altera por inteiro o seu ideário político (e não será certamente por acaso o próprio atrito recorrente entre os três nomes que os seus diferentes líderes já lhe deram: P. P. D., P. S. D. e P. P. D./P. S. D.!).



Mas, então e isso de defender interesses particulares, tem algum mal? Ou será assim uma originalidade específica do P. S. D.? Claro que não, todos os Partidos defendem também interesses particulares - sejam eles de "classe", de "grupo", de "clã", ou de "seita"... -, mas todos possuem algo mais do que isso, seja uma Ideologia, seja uma qualquer espécie de obediência (como por exemplo de índole religiosa), que lhes fornece como que um cimento espiritual, ou intelectual, por natureza moralmente superior aos meros interesses materiais!



E não é só a falta deste cimento que se faz sentir no P. S. D. ou, de um modo geral, quando se unem pessoas apenas pelos seus interesses particulares. O maior drama surge sempre que os interesses particulares de uns colidem com os de outros, ou seja, não havendo laços identitários fortes entre os membros (sobretudo entre os dirigentes) do Partido, se os vários interesses colidem, não há "rede" ou anteparo que sustenha as desavenças internas!



Esta, sim, a grande fragilidade de sempre do P. S. D. e a verdadeira razão para que a única experiência bem sucedida de governação deste Partido tenha sido num momento absolutamente ímpar e irrepetível da História portuguesa contemporânea, que coincidiu com uma avalanche monetária para os cofres do Estado que, seguramente, jamais se repetirá nos tempos mais próximos.



Evidência que deveria ser suficiente para permitir ao P. S. D. tirar a única conclusão que lhe compete, após quase duas décadas de afastamento do Poder (com uma única e breve passagem, sem honra nem glória e com a muleta de outro Partido) e de confrangedora incapacidade para convencer a maioria dos portugueses de que deve votar a sê-lo: como dizia em 2005, aliás algo inconscientemente, Marques Mendes, «é preciso mudar de vida»!



O desabafo dorido de Pacheco Pereira hoje prova, contudo, que ainda não foi desta que o P. S. D. deu ouvidos a este seu antigo e fugaz líder (como têm sido todos, após Cavaco...). Pudera: se nem o próprio Marques Mendes deu ouvidos a si próprio...

.



quarta-feira, 6 de abril de 2011

E SE AS ELEIÇÕES DE JUNHO NÃO ALTERAREM A ACTUAL CORRELAÇÃO DAS FORÇAS POLÍTICAS PARLAMENTARES?


.
. . Quem objectivamente precipitou estas Legislativas, ainda antes de decorrido metade do tempo normal da Legislatura, deve ter ponderado muito bem as possíveis saídas políticas que as Eleições nos poderão trazer. Em termos puramente estatísticos, uma das opções mais sérias e prováveis (como igualmente sucede na Meteorologia...) é nada se alterar, isto é, a distribuição dos Deputados na A. R. ficar igual a (ou muito parecida com) a actual, o que teria consequências muito desabonatórias, decerto, para todos agentes políticos que a generalidade dos eleitores considera responsáveis pela decisão de derrubar o actual Governo: toda a Oposição parlamentar (da Esquerda à Direita) por acção e, por instigação (nem sequer discreta, ou subtil...), o nosso recém-empossado Presidente da República!

.

Ora bem, mas para não nos ficarmos pelas probabilidades, matemáticas e frias, talvez seja boa ideia ir também consultar os nossos arquivos históricos eleitorais, que nos podem dar indicações preciosas de como as coisas se têm passado em Portugal quando há Legislativas. Analisando então os resultados práticos (mudança ou não de Governo, quer dizer, de Primeiro-Ministro) das várias Legislativas já realizadas desde o 25 de Abril (antes disso a questão nem sequer se colocava...), constatam-se duas leis empíricas muito claras:
.


1ª) só existem mudanças de Primeiro-Ministro (e de Partido vencedor) quando o anterior NÃO SE RECANDIDATA (excepto uma única vez, em 2005);

.


2ª) sempre que o Primeiro-Ministro em funções se recandidata, vence as Eleições (à excepção, já referida, de 2005)!

.


Vamos então à demonstração (exaustiva): 1976 - Pinheiro de Azevedo não se candidata e vence Mário Soares (P. S.); 1979 - Maria de Lurdes Pintassilgo não se candidata e vence Sá Carneiro (A. D.); 1980 - Sá Carneiro recandidata-se e é re-eleito! 1983 - Pinto Balsemão não se candidata e vence Mário Soares (P. S.); 1985 - Mário Soares não se recandidata e vence Cavaco Silva (P. S. D.); 1987 - Cavaco Silva recandidata-se e é re-eleito! 1991 - CAVACO SILVA RECANDIDATA-SE E É RE-ELEITO! 1995 - Cavaco Silva não se recandidata e vence António Guterres (P. S.); 1999 - ANT.º GUTERRES RECANDIDATA-SE E É RE-ELEITO! 2002 - Ant.º Guterres não se recandidata e vence Durão Barroso (P. S. D.); 2005 - Santana Lopes recandidata-se, mas PERDE AS ELEIÇÕES (a única excepção à regra...)! 2009 - JOSÉ SÓCRATES (P. S.) RECANDIDATA-SE E É RE-ELEITO! 2011 - JOSÉ SÓCRATES RECANDIDATA-SE E...

.


Bom, se não houver nova excepção à regra, será naturalmente re-eleito! E o Cidadão Cavaco Silva terá talvez que retirar daí as devidas ilações... Uma delas, eventualmente, poderá ser a de que, apesar de estar convencido de que entende muito bem as complexidades da Economia, afinal perceberá tanto de Política como este vosso humilde servidor percebe de Lagares de Azeite! Conclusão que poderá conduzi-lo a uma inquietação intelectual ainda mais perturbadora: se percebe tão pouco de Política, como pode estar convencido de que percebe alguma coisa de Economia?!...

.


Pois, se calhar nem todos apanharam a ironia, mas a vida é assim mesmo. Quem não perceba nada de Futebol também pode, se quiser, comprar bilhete e ir ver a "bola"...

.


Apareçam, estão sempre convidados.

Um vosso humilde servo. .
.

quinta-feira, 24 de março de 2011

A SOLUÇÃO PARA A CRISE POLÍTICA (Comunicação ao País)

.

Estimados Concidadãos,
Portuguesas e Portugueses.


No difícil momento de angústia e incertezas que atravessamos e que é por demais conhecido, quero dirigir-vos a todos, sem excepção, uma palavra serena de reflexão, de confiança e de estímulo.


Aproxima-se um novo ciclo político e eleitoral, que deverá ser encarado como uma derradeira oportunidade para evitar a Portugal e até à Europa - onde nos integramos com orgulho - mais esforços e sacrifícios e mais sombras sobre o nosso Futuro colectivo. Exige-se, nas semanas que se vão agora seguir até ao novo acto eleitoral, muita ponderação e muito mais maturidade na nossa vida política, do que a que infelizmente temos presenciado nos últimos anos.


No dealbar de mais um longo período de incerteza e de combate político duro e encarniçado, em que cada dia se agravarão e estreitarão as condições de governabilidade e as possibilidades de encontrar as melhores e mais justas soluções para os gravíssimos problemas que o nosso País enfrenta, queria hoje deixar-vos as minhas sinceras e profundas recomendações para, em conjunto, podermos superar com sucesso as mais do que previsíveis tormentas que se avizinham.


Estou profundamente convencido de que, nesta hora decisiva, mais importante do que esgotarmos o pouco tempo que nos resta à procura dos presumíveis "culpados" pela presente crise, ou a aprofundar mais ainda as conhecidas divisões que nos separam, esquecendo ou menosprezando os fortes laços que nos unem, é necessário parar, recuperar o fôlego e realçar a relevância dos três aspectos cruciais que a seguir enuncio e os quais, em meu entender, deverão superar uma nova e cansativa repetição, que se prevê ainda mais acalorada e exacerbada, das já mais do que debatidas e consabidas diferenças entre, sejamos realistas, as duas únicas concepções viáveis de Poder que se nos oferecem neste momento histórico e que são a do Centro-esquerda (com o P. S.) e a do Centro-direita (com o P. S. D. e o C. D. S.).


Assim sendo, considero fundamental, neste momento tão delicado da nossa vida colectiva:


1º) Devolver com a máxima brevidade a palavra e a decisão àquele que é o único Soberano em Democracia, o Povo português;

2º) ACATAR RESPEITOSAMENTE ESSA DECISÃO, SEJA ELA QUAL FOR (e por que margem eleitoral for!);

3º) Após a escolha dos novos governantes, guardar rápidamente nos sótãos e nas arrecadações os "slogans" partidários, as bandeiras e as guerrilhas políticas, inconsequentes e estéreis, e trazer de volta, pelo menos até às próximas Eleições, o "fato-macaco" e a "ferramenta", dispostos a todos, em conjunto, iniciarmos uma nova etapa, diferente da anterior, onde impere a esperança e se persiga com eficácia e denodo o desenvolvimento social, económico e cultural do País! A bem de Portugal e dos portugueses, de hoje e de amanhã.


Assina, com esperança e entusiasmo, mas com muito realismo,


Um Pai preocupado.

.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A VERDADE SOBRE QUEM REALMENTE AUMENTOU A NOSSA DESPESA PÚBLICA.

.

Este Artigo, tão linear e acessível, deixou-me em perfeito estado de choque, perante o miserável conhecimento que a opinião pública generalista demonstra ter sobre este problema e, igualmente, com a opinião genéricamente formada, com base no discurso obsessivo das vedetas dos nossos meios de comunicação social de "massas", sobre os principais "culpados" - e também sobre os presumíveis "inocentes"... - deste proclamado "crime de lesa-Pátria".


Ide, pois, ler e espantai-vos, ó gentes mal informadas (ou bem manipuladas...):


PSSSST, SURPRESA!!!!!


Do que aqui fica escrito, sem quaisquer sofismas, pelo Prof. Dr. Manuel Caldeira Cabral, ressalta esta evidência clara: o primeiro Governo de José Sócrates foi o único que conseguiu, até ao rebentar da crise (2008), reduzir o peso da despesa pública portuguesa, face ao Produto Interno Bruto (P. I. B.)!

E, pasme-se, o segundo mais eficiente foi mesmo o de António Guterres, que quase conseguiu manter o mesmo peso relativo que encontrou, bem ao contrário dos Governos em que entrou o P. S. D., sózinho ou com o C. D. S., que são os grandes, os enormes responsáveis pelo descomunal avolumar deste problema!

De facto, os Governos mais incompetentes, neste domínio, prova-se terem sido o de Durão/Portas/Ferreira Leite e o de Santana/Portas, seguidos dos dois Governos da Aliança Democrática (o de Sá Carneiro/Cavaco Silva e o de Pinto Balsemão) e, finalmente, dos três do P. S. D. sózinho, todos liderados por Cavaco Silva, os quais, apesar de menos maus do que os das coligações com o C. D. S., conseguiram ser bem piores do que os de António Guterres!

Quem ouve as notícias em Portugal, desde o trágico ano de 2001, alguma vez diria que a realidade, afinal, é tão diversa daquilo que os palradores oficiosos nos impingem?

Muito obrigado, pois, «Jornal de Negócios» e, sobretudo, Prof. Manuel C. Cabral...

.

JULGAMENTO DA BURLA DO SÉCULO.

Diz-se que vai começar ainda hoje, para acabar não se sabe quando.

Custa a crer como pode cerca de dois terços de todo o esforço orçamental de Portugal estar a ir cano abaixo por via desta monstruosa burla do BPN. Pode até não se comparar, qualitativamente, à violação de dois terços de todas as jovens portuguesas, ou ao assassínio de dois terços dos nossos militares, por exemplo, excepto na proporção colossal do problema. Mas a verdade nua e crua é que, de cada três euros que cada um de nós paga de impostos (os que pagam, claro), dois são para tentar remediar os males que os mega-burlões provocaram!

Pois bem, que os nossos Juízes não lhes tenham mão leve, para que não seja necessário vir qualquer outra entidade justiceira, terrena ou divina, a ter de puxar da mão pesada...

.

Cavaco Silva continuará a presidir-nos.

. .

Isto porque, em cada cem eleitores, cerca de vinte e cinco o apoiam, vinte e dois detestam-no e cinquenta e três estão-se completamente borrifando, para uns e para outros!


Tudo o que é importante e carece de análise está nestes singelos números.
.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A PROPÓSITO DE UM HERÓI DO SÉC. XX PORTUGUÊS,

.

O CORONEL VÍTOR ALVES (militar "operacional" do 25 de Abril):


O Mundo em que nascemos já morreu (mas poucos deram ainda por isso)... E o Mundo em que iremos morrer, esse, já nasceu, só que ainda não aparece nas televisões comerciais, nem nos jornais "de referência"... Mas já não deve tardar!

.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O Sr. Professor sindicalista Mário Nogueira...


.

... "acha" que Jorge Miranda, o ilustre Constitucionalista português, está equivocado quanto a esta questão da redução dos salários dos Funcionários Públicos que aufiram mensalmente mais de mil e quinhentos euros, ilíquidos. Ele é ou foi Professor de quê, o Sindicalista?

.