terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O que pensam os portugueses?


Seria muito interessante conhecer a verdadeira opinião do Povo português àcerca da situação política actual, descontando os enviesamentos partidários, clubísticos e ideológicos.

Mais um grande e tão necessário estudo sociológico que ficará por fazer...

Pergunto-me quais as causas para o entorpecimento, a anomia e o emudecimento da opinião pública actual e a resposta não é nada evidente.

O espaço de debate público foi de tal modo empestado de ruído, ódio, propaganda e desinformação, que para a situação actual da opinião pública portuguesa apenas encontro paralelo com o que recordo dos primeiros meses após o 25 de Abril (sensívelmente até ao 11 de Março), em que o País se encontrava num estado misto de euforia e de choque.

Só que hoje a situação é a oposta: reina de novo o estado de choque, mas desta vez associado a uma situação profundamente depressiva. Sim, a melhor caracterização da situação política portuguesa da actualidade talvez seja a de uma depressão aguda, mesclada por uma enorme desorientação colectiva e aromatizada por um incomodativo odor a pânico e a desespero. Não lhe deitem a mão a tempo, não, à Sociedade portuguesa...

Como chegámos até aqui é uma pergunta demasiado vasta para a medida ambição deste postalinho. Interessa-me mais saber onde estamos, para tentar descortinar qual o melhor caminho para escaparmos.

Há bastante falta de conhecimento, é um facto. Mas há sobretudo falta de capacidade de interpretação do conhecimento existente. É isto o mais preocupante. Não há referências éticas, outra falha sensível. A matriz moral tradicional desapareceu, a estrutura ideológica clássica rarefez-se, o tecido político e partidário consolidado emaranhou-se.

Ninguém se revê nos poderes públicos de topo, ainda que tão recentemente eleitos - Presidente em Janeiro, Governo em Junho! -, não restam quaisquer vestígios de esperança, nem sequer já no próprio discurso político, e um denso manto de nevoeiro caíu sobre os espíritos e as mentes.

Escasseiam as vozes respeitadas e prestigiadas, abundam os papagaios palavrosos e de discurso errático e ao sabor das conveniências e interesses de ocasião.

A massa informe de descrentes, descontentes, alienados e alheados alastra imparávelmente, ano após ano.

QUO VADIS, PORTUGAL?

Estamos no limiar de uma nova era, muito previsívelmente a primeira que será pior do que a antecedente! O Século XX agoniza diáriamente perante nós nas televisões mercantis. Cada vez nos conhecemos menos a nós próprios, ao nosso legado histórico e cultural, ao nosso território.

Fenómenos de irrisão cultural e cognitiva cruzam-se e interpenetram-se insidiosamente no tecido social, desde as supostas élites até às famosas bases. E há também o cansaço. De tudo e de todos.

A Direita governa a plenos poderes, mas não convence nem os seus próprios fiéis. A Esquerda não consegue articular uma única frase mobilizadora e encontra-se profundamente dividida. O Centro está paralisado e tolhido, pela dúvida e pela timidez. Corremos o risco de adormecer colectivamente ao volante e nem percebermos que nos despistámos, quando atingirmos a árvore com os cornos...

Estamos, enfim, sós, com a nossa herança comum e o nosso devir colectivo. Um casamento impossível? Ou apenas um arranjo de conveniência, votado ao fracasso?

A partir desta crisálida informe em que de momento nos encontramos, que insecto belo ou repugnante estará para ser dado à luz?...

Responder com urgência ao Apartado "nação portuguesa", por qualquer meio legítimo e eficaz. Obrigado...

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